Voltei a erguer a cabeça, que se encontrava à muito voltada para baixo.
Olhei para o céu e vi que as nuvens negras ainda lá estavam, tornando o dia ainda mais deprimente e fatídico…
Desci aquela encosta que parecia nunca mais ter fim… Tomei caminhos dos quais hoje não me arrependo, pois continuo a pensar que de todo fiz para te conseguir...
Do céu, abatiam-se sobre mim pequenas e ínfimas gotículas de chuva, daquelas que fazem à pessoa sentir-se aliviada e criando a falsa ilusão conforto… Comecei a correr para a estação de comboios para me poder despedir de ti, dar-te um daqueles abraços apertados, beijar-te, como se da última vez se tratasse, dizer-te com a dor no peito o simples adeus…
As pernas começavam a fraquejar, da estação de comboios nem sinal, mas não paro… Continuo a andar debaixo da chuva que a pouco e pouco começa a aumentar de intensidade, sou encharcado pelos carros que passam a toda a velocidade pelas poças que a pouco e pouco vão-se criando… Sinto que estou a fraquejar e penso que não irei ser capaz de chegar a tempo, começo a sentir-me ainda mais melancólico… Tenho sorte, passa por mim um táxi, não perco mais tempo, faço sinal mas o senhor não pára…
Continuo a correr, acho que foi esse mesmo acto de falta de compaixão que me fez ter ainda mais determinação para ir ao teu encontro...
Chego, peço informações acerca do teu destino… Sou informado que ainda tenho hipótese de ir ao teu encontro, não perco nem mais um minuto. Acho que estes todos aglomerados fizeram-me ainda ter mais força para ir ao teu encontro… Corro como se fosse um doido, sinto o olhar de repreensão dos outros utentes…Não me importa, não vou desistir de ti…
Chego ao local de embarque não vejo mais ninguém.. Senti que te perdi e nem tive a oportunidade de dizer um único adeus. Caiu-o de joelhos no chão e momentaneamente levanto a cabeça para o céu, como se tivesse a perguntar porquê…
Passados minutos, sinto uma pessoa ao meu lado, abro os olhos e vejo uma senhora idosa que me diz: “Não vale a pena ficares triste daqui a 30 minutos haverá outro.” E sorri-me… Pensei para mim mesmo, não era bem essas palavras que queria ouvir, mas, tive que ser forte e voltar para trás…
Cheguei a casa tendo a sensação que era uma esponja, torcesse por onde torcesse era só água. Decidi ir tomar um banho rápido…
Depois de um bom banho, veio-me a cabeça as memórias, memórias que decido esquecer de uma vez por todas… Vou a gaveta onde guardo os medicamentos e vejo se está algum calmante para adormecer. Encontro, começo a olhar fixamente para caixa e a pensar quantos é que deva tomar…
Decido colocar alguns dentro de um recipiente, dando a imaginar um cocktail de medicamentos, tomo todos de uma só vez… Vou para cama… Apenas quero dormir e esquecer…
Acho que ouço alguma coisa lá fora, não tenho bem a certeza, mas parece que é: “Estamos quase a chegar ao hospital, tem força”…