Cai no chão, magoei mais do que o corpo mais que o espírito, magoei o ser que sou. Destrui-me..
Estava num buraco profundo cheio de terra negra e húmida, nitidamente num primeiro olhar pensei que estava num túnel, numa passagem qualquer que iria dar a um lugar diferente, a um sitio que até poderia ser melhor do que este onde estou mas, enganei-me.
Tentei trepar pelo buraco a cima, coloquei uma mão seguida de um pé, pensei que estava a ser capaz mas não, cai no chão e levei com vestígios dessa mesma terra na cara, no corpo no interior de mim...
Feri as mãos de tanto tentar subir, de nunca ceder quando pensei que esta certo, que a solução era naquele sentido. Tentei, tentei e voltei a tentar quando a razão falava mais alto. Quando consegui chegar ao solo deixei de lado a aparência com que iria surgir mesmo sabendo que estava roto, com um ar desmazelado e moribundo. Senti os olhares, sentimentos de repulso e nojo, mas mesmo assim sentia-me bem, no final de contas tinha conseguido.
Não me recordava de quanto tempo tinha lá estado, de quantas vezes tentei subir e cai no chão quantas vezes chorei.. Estava feliz comigo mesmo, tinha conseguido voltar a ver o sol, a sentir a brisa do ar fresco a percorrer a face o corpo exausto. Tinha conseguido sozinho, com as mãos que insistentemente olhava e via nelas as feridas que tinham surgido ao longo do trilho percorrido e que tanto orgulho nelas hoje tenho. Mais uma vez sozinho sem que ninguém estendesse a mão no momento em que até o mais frágil braço poderia resultar em salvação. A pena destas pessoas que agora me olham apenas fazem-me sentir ódio, pois não é com essa pena que consegui sobreviver, sorrir e até mesmo sonhar, foi a força de vontade de um dia ser capaz de olhar para as vossas caras e dizer: - Aqui estou, sou a prova viva que mesmo sem vocês e com dificuldades aqui estou!
Ontem fiz parte do passado, hoje faço parte do presente, amanhã é mais um enigma e uma batalha para vencer...