Sinto o vento a bater no meu cabelo… Tenho uma enorme vontade de fugir do mundo e refugiar-me num pequeno espaço, onde nunca pudesse ser encontrado….
Sei que não deveria falar assim, pois a alma estes dias pouco ou nada de construtivo posso formalizar.
Mas, o vazio que sinto dentro deste pequenino coração, ainda em fase de crescimento lento, já é um sofrimento de um coração experiente e farto de levar com as apunhaladas da vida.
Sofrimento que aos poucos e poucos flagela o meu corpo, a minha mente, até mesmos os meus sonhos, tornando estes em meros e terríveis pesadelos. Mitigados apenas, apenas pela tua doce e efémera voz, que raras ou mesmo nenhumas vezes tenho o prazer de ouvir…
Quando vou para a cama, ainda tenho aquela maldita preocupação de não ocupa-la toda.. Lembro-me tão bem como se fosse hoje mesmo, a entrares com pés de veludo e teres mil e um coitados quando fechavas a porta, com medo de me acordares, sempre foste muito preocupada com essas pequenas acções, tiravas a roupa e vestias o pijama que tanto adoravas.. Acho que se passasses mais de uma noite sem dormires com ele, entravas em paranóia… (Agora até surgiu um vago e repentino sorriso nos meus lábios…) Para entrares na cama, primeiro sentavas-te ao pé da mesa de cabeceira, colocavas as pernas sem me tocares, pois sabias que acordava logo, entravas depois de mansinho e agarravas-te a mim. Nunca percebi porque é que fazias estes passos todos, se no final de contas querias sempre que acordasse para poderes dar-me um beijo de boa noite… Acho que já fazia parte do nosso ritual… Depois agarravas-te a mim e contavas-me o que se tinha passado no teu trabalho e como estavam a correr as coisas… Adorava ouvir-te contar o que se passava contigo diariamente, era como se tivesse lá… Depois adormecias e não largavas o meu corpo, acho que era uma maneira de saberes sempre que eu estava lá contigo, para o que desse e viesse…
Tenho tantas saudades todas… Porque é que a vida te levou em primeiro… Sinto a nossa cama como um mar, onde me afogo aos poucos, com a sua imensidão. Queria que voltasses-me a agarrar e a estares comigo como era dantes… Sinto falta de ti…